20120226

Imparidades das Troikas

O sistema financeiro em Portugal encontra-se aparentemente de boa saúde por via dos testes de stress entretanto realizados, segundo fontes governamentais.


Em Espanha, parte do sistema financeiro reprovou nos tais exames e cantou-se glória aos céus por Portugal estar imune às turbulências de risco financeiro.


Em Espanha, o Banco Central, entrou com capital de sustentação, em cerca de 40% do sistema bancário (nacionalização maioritária do capital social) e controla a gestão dos Bancos/Caixas.


Em Portugal alguns bancos querem o dinheiro da troika que nós iremos pagar e com juros, mas recusam orientações provenientes do Poder Político.


O Governo português aceita.


Parece que o Poder Político português continua a amochar perante o Poder Económico, quer no passado, quer no presente.


As preocupações de cada um dos ministros valem uma mão cheia de nada, tal como os novos diplomas do ECD e respetivo Decreto Regulamentar, assim como o normativo dos concursos de professores: o que hoje é uma verdadeira verdade verdadinha, pode não o ser amanhã.


4 comentários:

Fernando Lopes disse...

O imobiliário e a banca são, em Espanha, duas bombas que ainda não explodiram. Nos idos de 2000 e poucos a Espanha construía mais do que Itália, França e Alemanha juntos. Basta passar a fronteira de V. Real de Sto. António, para ver quarteirões inteiros inacabados. Os bancos estão metidos nisto até ao pescoço. Um rigth-off do imobiliário e da banca espanhola arrastaria toda a zona euro. Em Portugal os bancos foram obrigados pela troika a fazerem essa desvalorização. Cerca de 30%. Para condições idênticas a Espanha teria de fazer uma desvalorização de 60%. Incomportável para o país e para a união. A bomba-relógio espanhola está escondida apenas por uma questão de dimensão. Iria ser o fim da linha do euro.

Tomás Pimenta Carneiro disse...

É evidente o facto da Bolha Imobiliária Espanhola ter produzido efeitos devastadores sobre o sistema económico, mas em Portugal as imparidades bancárias resultam mais de uma exposição à dívida soberana da Grécia e que é superior à de Espanha.
O Banco de Espanha não brinca em serviço e impõe controles absolutos, enquanto que em Portugal, não se manifestando a bolha imobiliária o sistema financeiro tem contudo mais liberdade de acção perante o Poder Político.
Veja-se o grau de liberdade do Governo de Espanha em impor condições à troika.

Fernando Lopes disse...

Tomás,

É antes do mais uma questão de dimensão. Espanha não está intervencionada e existe um micro sistema bancário (as cajas) que terá de desaparecer. Mas, conhecendo os bancos por profissão, lá como cá os banqueiros e accionistas têm um peso determinante nas decisões políticas. Digamos que os "Espíritos Santos" lá do sitio estão sujeitos a uma espécie de "lei do condicionamento industrial". A diferença é mais aparente que real.

Abraço,

Tomás Pimenta Carneiro disse...

Tudo bem, mas o processo Banesto foi resolvido de uma forma mais célere e com menores trapalhados que o BPN ou o BPP.
Basta ver a NovaCajaGalicia que tem balcões em Portugal e os respetivos funcionários já sentem a corda ao pescoço..., através de normativos orientadores do Banco de Espanha.
A relativa aparência, pelo menos, reside no facto de os bancos terem uma capacidade de saber assentar a sua estrutura financeira em regiões económicas bastante dinâmicas (País Basco e Catalunha) que, politicamente lutam contra o poder central de Madrid.
A intervenção sobre 40% do capital social bancário também é uma forma de lembrar que Madrid ainda detém o centro do poder.
Aliás, em termos históricos, a rivalidade entre Real e Barça é mais política que desportiva e mete Portugal ao barulho, por causa das guerras peninsulares.